Bebê morre esperando cirurgia cardíaca em maternidade de Palmas e família cobra resposta: ‘Tinha esperança’, diz avó

Bebê foi diagnosticada com condição congênita no coração e aguardava uma transferência paro o Hospital Municipal de Araguaína.

Uma recém-nascida chamada Ingrid morreu após passar as primeiras 24h de vida esperando por uma cirurgia cardíaca, considerada urgente, no Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR), em Palmas. Ela nasceu com uma hipoplasia do coração, uma condição congênita rara, e estava esperando uma transferência para o Hospital Municipal de Araguaína, onde seria feito o procedimento. 

Ingrid era gêmea. A irmã dela também teve problemas de saúde e precisou passar por um procedimento urgente na coluna após o parto, e está internada em observação.

A avó materna, Susiane Silva de Castro Dias, conta que o pedido de transferência da filha Evely Iasmim Silva Dias, mãe das gêmeas, foi realizado antes do parto. 

“Foi feito pedido a transferência quando minha filha [Evely] ainda estava grávida, mas negaram para a gente. A neném [Ingrid] tinha 10% de chance de vida, tínhamos esperanças, porque por mais que morresse na cirurgia não íamos pensar como seria se ela tivesse feito”, relatou a avó. 

A família também contou que Ingrid chegou a ser intubada em leito de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal após o nascimento.

“Ela [Ingrid] resistiu muito tempo porque era grave. Nossa indignação é que não deram a chance de tentar, qualquer chance de salvá-la era esperança, é muito triste. A neném foi intubada, não era para fazer isso, o certo é a cirurgia. Se tivesse feito e a Ingrid não aguentasse na sala de cirurgia, eu poderia falar para minha filha que fizemos de tudo para salvar”, lamenta a avó.

As gêmeas nasceram no último sábado (10) por volta das 14h. Porém, Ingrid morreu às 22h59 de domingo (11), na maternidade de Palmas. No Tocantins, o único hospital público que realiza cirurgias cardiovasculares em recém-nascidos fica em Araguaína, região norte do estado. 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que o Dona Regina é o hospital referência para gestantes de alto risco, medicina fetal e assistência neonatal da macrorregião centro sul do estado. A pasta também informou que desde o momento da internação, a gestante e seus bebês foram avaliados sistematicamente, de forma a assegurar as melhores condutas assistenciais e cuidados para um parto seguro (veja nota completa abaixo).

A família da Ingrid afirma que vai questionar por que a mãe e as gêmeas não foram transferidas para o Hospital Municipal de Araguaína. 

“O pai delas [gêmeas] está destruído, desesperado. Quando ele viu a Ingrid, disse ainda para ela que ‘o papai está aqui’ e depois de saber que havia morrido ele ficou acabado. Minha filha também está muito triste, dá para vê a tristeza nela, ainda bem que a outra sobreviveu”, diz a avó. 

Segundo Susiane Silva, o pai da criança irá registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Palmas, para investigarem a morte da criança no HMDR. 

“Ele está providenciando para registrar o boletim contra o Estado e o hospital, porque foram negligentes, não deram nem a chance de fazer a cirurgia”, afirmou. 

Outra morte na fila de espera

Em julho deste ano, a recém-nascida Ana Eliza também morreu após aguardar durante os 18 dias de vida na fila de espera por uma cirurgia no coração. Segundo a família, a bebê chegou a ser levada para o Hospital Municipal de Araguaína, mas se passaram oito dias sem atendimento e a bebê não resistiu. 

A mãe de Ana Eliza, Geovanna Cândida de Souza, chorou durante entrevista à TV Anhanguera e não conseguiu falar sobre a perda. “Desde que soube que estava grávida da Ana Eliza teve… Dou conta não moça [de falar]”, disse a mãe. 

Na época a SES também se pronunciou sobre a morte de Ana Eliza e disse que a bebê teve o procedimento cirúrgico adiado por razões clínicas para que ela melhorasse o quadro clínico, e lamentou a morte da criança.

Íntegra da nota da SES 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamenta profundamente o óbito do bebê da paciente, Evely Iasmim Silva Dias, que mesmo sob os cuidados da equipe multiprofissional do Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR), não resistiu após o nascimento, mesmo já estando em leito de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, motivo pelo qual a Pasta se solidariza e coloca-se à disposição da família.

A SES-TO destaca que o Dona Regina é o hospital referência para gestantes de alto risco, medicina fetal e assistência neonatal da macrorregião centro sul do Tocantins e desde o momento da internação, a gestante e seus bebês foram avaliados sistematicamente, de forma a assegurar as melhores condutas assistenciais e cuidados para um parto seguro.

A SES-TO pontua que com base no artigo 1º da resolução n.º 1.638/2002, do Conselho Federal de Medicina (CFM), não é autorizada a repassar informações contidas nos prontuários, sem a autorização do familiar responsável.

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